Uma das 4 vítimas fatais da febre maculosa é filha de uma tauaense, que mora no Estado de São Paúlo há mais de 30 anos. A dentista e ex-professora assistente de uma faculdade de odontologia de Campinas, Evelyn Karoline Santos, 28 anos, que residia em Hortolândia, morreu no Hospital da Unicamp no último dia 08 de junho, de causa desconhecida.
A professora Valmeira Sales, tia de Evelyn que reside em Tauá, disse ao Blog do Wilrismar, que a família só teve a confirmação da causa da morte uma semana depois. Logo que começou a sentir febre, a dentista procurou unidades de saúde que prescreveram medicação para tratamento de dengue, já que os sintomas eram muito parecidos com o da febre maculosa, e como Evelyn não apresentava melhora, foi internada em um hospital particular de Campinas e com o agravamento do quadro clínico, foi transferida para o hospital da Unicamp, onde faleceu dois dias depois.
O Instituto Adolfo Lutz confirmou na tarde da última terça-feira (13), que a causa da morte foi a febre maculosa.
Evelyn era a única filha da tauaense Valéria Araújo Santos, que tem familiares na cidade de Tauá e no Perímetro Irrigado Várzea do Boi. Ela é casada com o sr. Edson Santos.
A dentista visitou familiares em Tauá há cerca de 3 anos.
Evelyn Santos durante celebração de aniversário — Foto: Elisângela Souza/Arquivo Pessoal
"A Evelyn sempre foi uma menina meiga, carinhosa, estudiosa [...] Aquela que une, amiga, parceira, ela era muito boa no que fazia, amava a profissão dela, estava no melhor momento. Realizada profissionalmente, ficou noiva há oito meses, tinha planos de casar no próximo ano, estava se preparando para isso. Falava que aos 30 anos queria ser mãe e infelizmente tudo foi interrompido", explicou a tia da vítima Elisângela Souza.
Causa
No último dia 27 de maio, Evelyn participou de um evento na Fazenda Santa Margarida, em Joaquim Egídio, região rural de Campinas, conhecida como ponto de grandes eventos festivos e cerimônias.
Antes de Evelyn, outras duas pessoas que também haviam frequentado a Fazenda, morreram. A dentista Mariana Giordano, 36 anos, e seu namorado, o empresário e piloto Douglas Costa, 42 anos.
A quarta vítima foi a jovem Erissa Nicole Santana, 16 anos, que é filha de um Bombeiro, e acompanhou o pai e a mãe, no dia do evento na fazenda, que reuniu em torno de 3,5 mil pessoas.
Outros cinco casos de contaminação são investigados - todos de pessoas que estiveram na mesma festa na fazenda, mas em datas diferentes.
Dentre eles, está uma mulher que trabalhou em uma festa no local, foi contaminada, recebeu tratamento e se curou, além de outras duas mulheres internadas, uma em Campinas e outra em Hortolândia.
Até terça-feira (13), a Secretaria falava em seis mortos por febre maculosa em 2023. O sétimo caso, inserido no sistema na quarta-feira, ocorreu em março e só foi registrado pela Prefeitura de Limeira agora como sendo da doença.
Em 2022, foram registrados 63 casos, com 44 óbitos confirmados. Já em 2021, foram 87 casos e 48 óbitos.
Segundo o Ministério da Saúde, "a febre maculosa é uma doença infecciosa, febril aguda e de gravidade variável", ou seja: há formas leves e formas graves, "com elevada taxa de letalidade". Os sintomas podem ser facilmente confundidos com os de outras doenças que causam febre alta.
O que causa a doença? A doença é causada, no Brasil, por duas bactérias do gênero Rickettsia, e a transmissão ocorre por picada de carrapato. A Rickettsia rickettsii causa a versão grave e é encontrada no norte do Paraná e no Sudeste. A Rickettsia parkeri leva a quadros menos severos e é encontrada em áreas da Mata Atlântica no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, na Bahia e no Ceará.
Quais carrapatos transmitem? No país, são os carrapatos do gênero Amblyomma, principalmente aquele conhecido como carrapato estrela. Mas o ministério alerta que qualquer espécie pode transmitir a febre maculosa, inclusive o carrapato do cachorro.
Dá para transmitir de pessoa para pessoa? Não. A transmissão por contato humano é impossível.
Quais são os principais sintomas? Febre; dor de cabeça intensa; náuseas e vômitos; diarreia e dor abdominal; dor muscular frequente; inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés; gangrena nos dedos e orelhas; e paralisia dos membros que começa nas pernas e vai subindo até os pulmões, causando problemas respiratórios.
Mas e as manchas? O Ministério da Saúde alerta que, com a evolução do quadro, “é comum o aparecimento de manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos, que não coçam, mas que podem aumentar em direção às palmas das mãos, braços ou solas dos pés".
Tem tratamento? Sim, com um antibiótico específico. O paciente deve começar a tomar assim que o médico suspeitar da contaminação por febre maculosa, antes mesmo da confirmação do resultado do exame.
*Com informações do Portal G1